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Estratégias de comunicação da Unifesp durante e depois da pandemia

Sobre o autor

Prof. Dr. Walter Teixeira Lima Junior
Diretor do Departamento de Comunicação Institucional da Unifesp.

É necessário fazer uma pequena introdução, pois esse período está sendo singular para o Departamento de Comunicação Institucional (DCI/Unifesp). Mesmo conhecendo as notícias e as informações sobre o avanço da covid-19 sobre a região de Wuhan, na China, e depois a expansão do vírus, com a doença resultante do contágio, para países da Europa, a preocupação maior na Universidade, e com toda razão, foi com a preparação do Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp) para enfrentar a chegada da pandemia na maior cidade do Brasil.

Assim, as atenções do DCI/Unifesp, como órgão assessor de comunicação, foram para atender primeiro as demandas de informação para a comunidade interna do hospital, demonstrando para todos os servidores e colaboradores do HSP/HU Unifesp as ações que a direção e as unidades do hospital estavam realizando para enfrentar a chegada da pandemia.

Então, para que houvesse acesso às informações importantes sobre esse preparo, o Departamento de Comunicação Institucional foi inserido no, então, recém-criado Comitê de Enfrentamento da covid-19 na Unifesp. A partir desse momento, a comunicação social começou a pertencer ao rol de ações estratégicas da Unifesp na questão da covid-19.

O primeiro desafio foi centralizar as informações e designar fontes que pudessem estar disponíveis para responder sobre as ações do HSP/HU Unifesp, além de um rol de virologistas e infectologistas para entrevistas solicitadas pela imprensa. Havia muita desinformação no circuito. Para centralizar informações e baixar o nível de ruído, foi criado, rapidamente, o site especial denominado “Central de Informação da Unifesp sobre o Coronavírus”. Esse espaço foi substituído por um site mais abrangente, denominado “Unifesp no Enfrentamento da Covid-19”, com notícias, vídeos, webinários, comunicados da Reitoria, comunicados das pró-reitorias, notas e informativos, publicações das contas da Unifesp nas redes sociais e link para o site especial para a Campanha de Doações do Hospital São Paulo, o qual também foi criado pelo DCI/Unifesp e possui a curadoria informativa realizada pelo departamento.

A segunda grande ação foi elencar as fontes e as informações das ações e das pesquisas da Unifesp relacionadas à covid-19, com o objetivo de divulgar ao máximo as realizações da Universidade para a sociedade, pois percebemos que era uma janela de oportunidade informativa relevante na disputa da atenção, e que seria o momento para se contrapor aos ataques que as universidades públicas têm sofrido desde o início do ano passado.

Assim, houve um aumento na produção de notícias com o foco na covid-19, mas ao mesmo tempo foi necessário sintonizar toda a comunidade interna com as ações da Administração Central e dos órgãos colegiados, pois o objetivo foi orientá-la sobre as diretrizes do trabalho e das atividades remotas.

Para ampliar a divulgação, intensificou-se as publicações nas redes sociais, produzindo mais de 400 postagens nos canais oficiais no Facebook, Instagram, Twitter e Linkedin.

Houve reforço no atendimento à imprensa e aumento no envio de pautas para a mídia. O resultado foi excelente. As ações resultaram em ampla divulgação das pesquisas da Unifesp em todos os principais veículos de comunicação do Brasil.

Foram criadas peças audiovisuais com temas relacionados ao HSP/HU Unifesp, como altas de pacientes relacionadas à covid-19 e vídeos estimulando doações ao hospital, seja por meio de doações de materiais como em dinheiro, além de vídeos homenageando os servidores e profissionais que estão na linha de frente do HSP/HU Unifesp. As obras alcançaram as maiores audiências desde que foram criadas as contas oficiais da Unifesp nas redes sociais.

No meio dessa intensa produção, publicação e atendimento à imprensa, ainda houve a necessidade de gerenciamento de crises com questões relacionadas a pacientes, leitos e EPIs no Hospital São Paulo.

Entretanto, o maior fato vivenciado pelo departamento nessa pandemia, até o momento, foi o acordo entre a Unifesp e a Universidade de Oxford para teste de vacina contra a covid-19. O evento resultou em publicações com os maiores índices de audiência e alcance nas redes sociais, tendo uma procura enorme da mídia nacional e alguns veículos internacionais em busca de informações e de entrevistas

Foco da comunicação social na Unifesp

O foco é informar à sociedade sobre ações e pesquisas. Entretanto, essa tarefa não é fácil, pois ainda, infelizmente, é necessário enfrentar uma cultura de difusão científica no Brasil cuja visão está no sentido que a sociedade deve entender o que é feito do jeito que se deseja que ela compreenda. Ou seja, muitas vezes de forma hermética… muitas vezes, o cientista querendo mostrar para os seus pares o que está fazendo ou que está conquistando na carreira, além de termos que publicar uma boa carga de informações sobre deliberações, sobre processos e sobre fluxos internos da universidade. A Unifesp quer romper com essa cultura.

A Universidade realizará projetos para que as informações consigam chegar ao celular do trabalhador que está utilizando o trem da CPTM, chegar no WhatsApp dele. Competir com toda informação que consome a sua atenção, as suas relevâncias.

Para isso, toda uma cultura de divulgação científica tradicional deve ser mudada. Não somente a forma do conteúdo, mas as relevâncias dessas informações. Deve-se sintonizar com o contexto dele, estar conectado com o seu dia a dia, com as suas necessidades de entender o mundo e, se possível, conectar essas informações científicas aos seus processos decisórios de vida.

Estratégia de comunicação social para enfrentar a crise de covid-19

Nesse momento, ainda no meio deste furacão informativo que se chama covid-19, a melhor estratégia é utilizar as redes sociais e nos conteúdos, de forma simples, dizer que a Unifesp está junto com a sociedade nesse momento, que ela pode contar com a universidade pública.

Principais desafios superados

Para o DCI/Unifesp foi dar conta de toda essa demanda informativa da Unifesp, do Hospital São Paulo e de ações de doações para o hospital. Houve um aumento da carga de trabalho. Foi necessário adaptação, entendimento do novo contexto e cumprimento, pela equipe do DCI, da função de ser comunicadora de informações públicas relevantes para a sociedade

Prioridades atuais para enfrentar as crises de 2020

Fortalecimento de ações informativas que tenham relação direta com o dia a dia da maioria da sociedade brasileira. O diretor do DCI/Unifesp utiliza uma frase: “todo projeto de pesquisa pode não ser um projeto de extensão, mas todo projeto de extensão é um projeto de pesquisa”. Durante três anos ele esteve fixado no norte do Brasil, conheceu bem as realidades do Amapá e do Pará. Nessa região, as universidades públicas possuem uma forte cultura extensionista. Estão, mesmo com parcos recursos e algumas com frágil suporte estrutural, realizam um trabalho que ele entende, muitas vezes, como missionário. Esse tipo de trabalho científico cria naturalmente uma blindagem ao trabalho das universidades perante qualquer tipo de crise. Então, ele acredita que se deve ter como prioridade estar no meio da sociedade, falar diretamente com a sociedade, de forma extensionista, disputando a atenção dela e as suas relevâncias informativas. Para isso, deve-se dialogar com sociedade, no campo discursivo dela, com informações e linguagens conectadas com o seu dia a dia, com o objetivo de fazer parte do cardápio diário do consumo de informações de todos os brasileiros.