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Análises Conteúdos Monitor de Rankings

Times Higher Education Latin America Ranking 2020

Esse ranking tem por foco as universidades da América Latina e do Caribe com pelo menos mil publicações indexadas no Scopus, entre os anos de 2014 e 2018, que tenham publicado pelo menos 150 artigos por ano. A metodologia, que utiliza os dados institucionais submetidos pelas universidades participantes, tem por base os indicadores do Times Higher Global Ranking, com algumas sutis adaptações.

Esse ranking tem por foco as universidades da América Latina e do Caribe com pelo menos mil publicações indexadas no Scopus, entre os anos de 2014 e 2018, que tenham publicado pelo menos 150 artigos por ano. A metodologia, que utiliza os dados institucionais submetidos pelas universidades participantes, tem por base os indicadores do Times Higher Global Ranking, com algumas sutis adaptações. 

Diferenças metodológicas em relação ao THE Global

No ranking THE LATAM, as citações têm peso 10% menor em comparação ao peso atribuído a esse índice no ranking global, e por sua vez, atribui mais ênfase aos indicadores de pesquisa e ensino. Outras diferenças ficam por conta da receita institucional que tem peso de 6% ao invés de 2,25%. A proporção entre doutores e bacharéis e a proporção de alunos e doutorados por corpo docente recebem ambos 5%, em vez de 2,25% e 4% respectivamente. A produtividade da pesquisa vale 10%, em contraposição aos 6% considerados na versão global. Essas diferenças refletem o reconhecimento de que as principais prioridades das universidades da região são o desenvolvimento de competências internas ao invés da pura melhoria em índices de impacto e citações.

Metodologia 2020

Resultados 2020

As universidades públicas do estado de São Paulo apresentam bom desempenho nesse ranking. O estado de São Paulo apresenta uma concentração de universidades públicas de alto nível per capita que excede qualquer outra região da América Latina. Todas as universidades têm um bom desempenho em pesquisa – refletindo a capacidade de atrair financiamento e transformá-lo em pesquisa publicada, além de uma boa reputação por fazê-lo. Com exceção da UFABC (veja abaixo), todas as universidades também obtêm alta pontuação em ensino, devido ao alto número de pós-graduados treinados no país em comparação com muitos outros pares na amostra. 

UniversidadeUSPUnicampUnifespUnespUFSCarUFABC
Posição235101534
Total87.686.582.380.373.462.6
Citações72.96676.240.94356.6
Renda Industrial6374.439.455.163.737
Internacionalização56.453.941.148.133.953.5
Pesquisa10010087.598.689.779.8
Ensino91.892.2939384.656.5

Comparativamente, as universidades de São Paulo apresentam pontuação relativa baixa em citações, na internacionalização (veja abaixo) e na renda industrial. Esse fraco desempenho é surpreendente nos casos da Unifesp e na UFABC. A Unifesp demonstrou alta capacidade de atrair e aplicar renda de fontes não acadêmicas durante a crise atual, portanto há esperança de aprimoramento no próximo ciclo. A UFABC tem um forte foco nas ciências aplicadas e de engenharia. Esses resultados sugerem falhas no processo de relatoria dos dados e não falta de atividade por parte das instituições. O relato de renda de fontes não acadêmicas, incluindo os recursos arrecadados para prestar serviços à comunidade durante as crises, deve ser melhor registrado e relatado para aprimoramento do desempenho nesse ranking.

USP

Ano20202019201820172016
Posição22221
Total87.6888687.584.6
Citações72.974.978.470.559.9
Renda Industrial63565750.244.5
Internacionalização56.459.959.757.557.3
Pesquisa10010010010099.8
Ensino91.891.787.293.992.7

Considerando os quatro últimos anos consecutivos, a USP manteve a segunda posição. Neste período, a Unicamp e a PUC-Chile trocaram posições entre a primeira e a terceira. A USP manteve durante esse período a sua posição em todos os indicadores, avançando na renda industrial como resultado de melhoria na obtenção e relatoria dos dados.

Uma das principais peculiaridades dessa medição é que, na América Latina, a USP aparece atrás da PUC-Chile, sendo a chilena em primeiro lugar. No ranking mundial, entretanto, a PUC Chile é a quarta universidade no seu país, e figura 250 posições abaixo da USP. As classificações são interpretações diferentes do mesmo banco de dados e, assim sendo, parece surpreendente que elas discordem tão profundamente entre si. Essa discrepância se deve em grande medida às diferenças de normalização adotadas. 

No ranking principal, os pontos fortes da PUC-Chile (citações e internacionalização) estão próximos da média global, enquanto seus quesitos com menor desempenho (pesquisa e ensino) acabaram por ser muito enfatizados. Nesse conjunto de universidades, os pontos fortes da PUC estão muito acima da média para a América Latina, e seus pontos fracos perto da média. Por outro lado, as pontuações nos quesitos onde a USP tem menor desempenho (citações e internacionalização) são amplificadas pelos critérios metodológicos adotados na composição do ranking para a América Latina. Os indicadores de ensino e pesquisa, no entanto, se comparam aos melhores padrões globais, com resultados superiores aos  apresentados pela PUC-Chile.

Unicamp

Ano20202019201820172016
Posição33112
Total86.587.886.587.983.7
Citações667178.673.764.1
Renda Industrial74.471.874.36755.2
Internacionalização53.957.156.154.451.8
Pesquisa10099.999.898.595.7
Ensino92.293.185.494.291.9

A Unicamp se posiciona consistentemente bem nesse ranking. Deve-se notar que nos três últimos períodos, a medição de citações apresentou queda. Isso se deve em parte à inclusão de universidades com maior dependência de algumas parcerias internacionais e à estagnação geral da taxa absoluta de citações observada na Unicamp nos últimos cinco anos.

Unesp

Ano20202019201820172016
Posição33112
Total86.587.886.587.983.7
Citações667178.673.764.1
Renda Industrial74.471.874.36755.2
Internacionalização53.957.156.154.451.8
Pesquisa10099.999.898.595.7
Ensino92.293.185.494.291.9

A Unesp apresenta um desempenho consistente em todos os indicadores desse ranking, com a exceção das citações por artigo. Esse indicador avançou consistentemente até 2018, quando voltou a retrair. Essa flutuação tem relação com o  tamanho da produção e ao fato de ser uma instituição significativamente mais orientada para a sua vocação regional do que a USP ou a Unicamp, comparativamente. No entanto, o fato de a taxa de citação ser significativamente mais baixa no Scopus (o efeito é menos perceptível considerando os resultados na base Web of Science) é a prioridade para a avanço de posições da UNESP nesse ranking. Deve-se sempre lembrar que muitas das universidades com melhor desempenho aparente tem nessa medida, margens de erro e intervalos de confiança muito grandes em seu impacto de citação, o que dá margem para um questionamento desse indicador específico.

UFABC

Ano20202019201820172016
Posição3441341718
Total62.658.861.263.752.7
Citações56.662.575.680.284.3
Renda Industrial3741.355.941.339.4
Internacionalização53.552.853.554.652.5
Pesquisa79.868.159.655.843.7
Ensino56.550.556.665.544.7

Para que a UFABC volte para a figurar entre as 20 mais bem posicionadas, há que se prestar atenção no indicador de ensino. Esse conjunto de indicadores não mede resultados, mas as descrições dos corpos docente e discente, além da reputação. Como a UFABC é relativamente intensiva em pós-graduação e bem financiada, espera-se que sua reputação em ensino não seja tão alta quanto as outras universidades com vocação específica nesse quesito. Pesquisas de reputação sofrem do efeito Matheus. As universidades que tiveram um bom desempenho anteriormente em um ranking geralmente têm bom desempenho em rankings futuro. Esse fenômeno acontece porque as pessoas tendem a valorizar resultados de rankings para formar a imagem de reputação de uma instituição. É um ciclo que se retroalimenta.

Dessa forma, universidades mais novas apresentam de saída, desvantagem em relação a instituições com mais tempo de vida. Essa desvantagem se apresenta especialmente no indicador de ensino, porque o número de ex-alunos é menor, ou porque há menos doutores formados pela UFABC trabalhando em todo o mundo, do que egressos da USP, Unicamp ou da Unesp. Esse efeito não se observa nos indicadores de pesquisa, já que respondentes têm maior probabilidade de ter colaborado com pesquisadores da UFABC do que de ter tido contato com egressos, ou ter conhecimento do ambiente do ensino.

CONCLUSÃO 

Esse ranking THE LATAM favorece um perfil de instituições de menor porte, intensivas em pesquisa e com altos números de estudantes de pós-graduação. Como o ranking é composto principalmente por indicadores independentes do tamanho, beneficia instituições que tenham alta concentração de recursos, pós-graduados, corpo docente e discente internacionalizado e uma alta proporção de artigos de coautoria internacional. Essa metodologia não favorece particularmente as instituições brasileiras que, normalmente, apresentam desempenho menor nesse ranking do que no ranking global, por exemplo.

Entre os pares da América Latina as universidades brasileiras apresentam um bom desempenho geral, e têm se destacado em todas as edições. Dentre os critérios nos quais se destacam, constata-se uma exceção com relação aos indicadores de citações e de internacionalização, que provocam uma distorção nessa comparação entre instituições latino-americanas, conforme descrito abaixo.

Para mais análise dos resultados, vide Anexo I, que descreve as peculiaridades de citações e internacionalização.