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Como escrever um policy brief eficaz

Um policy brief é um formato de texto, de conteúdo relevante e conciso, destinado a tomadores de decisão.

Para quem exatamente um policy brief deve ser escrito depende do objetivo específico almejado e a esfera de sua aplicação, por exemplo, local, nacional, regional ou privado. Definir corretamente o destinatário do texto, portanto o ator político certo, é fundamental para garantir que o documento seja lido.

Os responsáveis pelas concepção de políticas tem pouco tempo para ler artigos acadêmicos. Em média, decisores levam em torno de 30 minutos lendo um policy brief (Jones & Walsh 2008: 6). Portanto, os policy briefs são uma forma eficaz de levar pesquisas importantes à atenção dos responsáveis pelas políticas porque podem ser lidos em um curto espaço de tempo. Condensar novos conhecimentos  em policy briefs amplia a possibilidade de levar resultados de pesquisas importantes num formato que os responsáveis pelas políticas de interesse público podem acessar. 

Os policy briefs têm também o potencial de atingir grandes públicos por meio de diferentes redes devido ao seu formato condensado. Pesquisas descobriram que um agente de políticas passará a sua rede de relacionamentos um policy brief se eles o considerarem importante. (Benyon et al. 2012: 76). Esse efeito bola de neve, em que um policy brief viaja para um círculo crescente de destinatários, só é possível porque os resultados da pesquisa estão em um formato acessível e transferível.

Como escrever um policy brief

O objetivo de um policy brief pode variar desde mudar a política até aumentar a conscientização sobre um problema. O objetivo determinará quem são os atores políticos corretos a serem atingidos. Descobrir quem deve ser o alvo moldará tudo, desde a escolha do idioma até o fato de apresentar ou não sugestões e justificativas para as decisões no próprio documento, quando apropriado com DOI. 

Decisores buscam soluções relevantes para problemas prioritários. Um policy brief deve apresentar claramente soluções baseadas em evidências para um problema no qual o ator específico esteja interessado. Essas soluções devem ser realistas, viáveis dentro do clima político e econômico do contexto atual. Entender o que um determinado ator político deseja, colocando-se no lugar dele, o ajudará a escrever um policy brief com mais chance de sucesso. Um bom objetivo para qualquer policy brief é passar no “teste do café da manhã”. Um policy brief deve ser lido e compreendido no tempo de uma refeição matinal.

O que um policy brief deve incluir?

A) Título – mantenha-o curto e informativo.

B) Resumo executivo – duas ou três frases que resumem todo o documento. Use palavras-chave reconhecíveis e enfatize a relevância da pesquisa para a política, a fim de chamar a atenção do ator da política para continuar a leitura. 

C) Introdução/Resumo do problema – explique a questão da política e por que ela é particularmente importante ou atual. Coloque a pesquisa no contexto. 

D) Métodos, abordagens e resultados/Corpo – apresente os resultados da pesquisa/projeto de forma acessível para um não especialista. Explique a metodologia usada para chegar aos resultados, como uma síntese da pesquisa/literatura existente ou novos dados de pesquisa. Um ator político quer ver resultados robustos que possam ser repetidos ou corroborados por outros. 

E) Conclusões – reforce a mensagem principal a ser extraída do policy brief. Lembre-se de que é no sumário executivo que se encontra o conteúdo típico da conclusão, não o repita simplesmente. 

F) Recomendações de políticas – tente fazer apenas uma recomendação de política viável. Se estiver fazendo mais de uma recomendação, diferencie-as claramente, por exemplo, em marcadores, e mantenha o máximo de três.

G) Referências e fontes sugeridas – use as referências com moderação e sugira algumas fontes adicionais no final para fornecer informações básicas ou mais detalhes sobre a questão da política. 

H) Agradecimentos, detalhes do autor e isenções de responsabilidade – detalhe qualquer financiamento usado para a pesquisa, anote os cargos atuais do autor e os detalhes de contato; se o policy brief estiver sendo produzido por uma instituição, pode ser necessário um parágrafo explicitando a isenção de responsabilidade.

Notas sobre a linguagem

  • Seja conciso e claro 
  • Use uma linguagem ativa e não passiva
  • Destaque os benefícios que as suas recomendações trarão para o sistema de políticas, para as pessoas afetadas pela política e seu contexto, de modo mais geral, por exemplo, do ponto de vista econômico ou ambiental.
  • Antecipe as perguntas que o leitor possa ter ao longo do resumo. Por exemplo, por que eu deveria continuar lendo isso? Que relevância isso tem? Como eles chegaram a essas conclusões e recomendações? (Aldous-Grant 2012). 
  • Apresente as evidências levando em conta as crenças dos atores políticos escolhidos; as informações serão levadas em conta se forem relevantes para a perspectiva dos atores políticos. Faça sempre a distinção entre opinião pessoal e opinião baseada em evidências.

Referências

Benyon, Chapy, Gaarder, Masser (2012), ‘What Difference Does a Policy Brief Make?’, IDS, 3ie, NORAD, URL http://www.3ieimpact.org/en/evaluation/policy-influence/ policy/

Jones and Walsh (2008), ‘Policy Briefs as a communication tool for development research’, ODI, URL http://www.odi.org.uk/sites/odi.org.uk/files/odi-assets/ publications-opinion-files/594.pdf


 Adaptado de Ffrench-Constant (2014) How To plan, write and communicate an effective Policy Brief: Three Steps to Success (Três etapas para o sucesso), disponível em https://www.researchtoaction.org/wp-content/uploads/2014/10/PBWeekLauraFCfinal.pdf