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Boletim Métricas

Maio de 2025

A comunicação das universidades públicas brasileiras enfrenta desafios cruciais em um cenário educacional e científico em constante evolução.

O tema “Os desafios e as oportunidades para a ciência e as universidades”, abordado pelo professor Marcelo Knobel, diretor da TWAS – The World Academy of Sciences, expôs a urgência de repensar a maneira como as universidades se comunicam com a sociedade e com os formuladores de políticas públicas, considerando que a falta de uma interação eficaz com a sociedade e com os gestores públicos tem limitado o reconhecimento da ciência como motor do desenvolvimento.

Ademais, a adaptação das universidades às novas realidades geopolíticas e ao cenário global da educação superior é essencial para garantir que elas cumpram seu papel de transformação social e inovação.

Boa leitura! 


conferência
Repensar a comunicação das universidades 

“Os desafios e as oportunidades para a ciência e as universidades” foi o tema da aula inaugural da sexta turma do Curso Métricas, proferida pelo professor Marcelo Knobel, que dirige a TWAS na cidade de Trieste. O professor compartilhou suas experiências e visões sobre os desafios enfrentados no cenário educacional. 

Durante sua alocução, foi mencionada a urgência de repensar a forma de comunicação das universidades públicas e o desafio de garantir um investimento robusto em ciência e tecnologia para garantir um futuro sustentável. Além disso, discutiu-se a mudança geopolítica global, a necessidade de ampliar intercâmbios acadêmicos com outros países, especialmente na África, e a importância de diversificar a educação superior para atender às demandas contemporâneas. 

Na conferência, o professor Knobel fez um apelo à ação, mas também ressaltou que as mudanças e adaptações na educação e na ciência frente aos novos e desafiadores cenários globais são indispensáveis para um futuro promissor e sustentável. 

A falta de uma comunicação eficaz com a sociedade e com os formuladores de políticas públicas têm limitado o reconhecimento da ciência como engenho de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, cresce a necessidade de ampliar a cooperação com países em desenvolvimento, redesenhando estratégias de atuação no cenário internacional. Neste contexto, especialistas alertam: é hora de repensar o modelo universitário, investir em relevância social e adaptar-se a uma nova geopolítica do conhecimento.

Assista o vídeo completo no nosso canal no YouTube: Marcelo Knobel – TWAS – Desafios e oportunidades para a ciência e para as universidades

entrevista
Rede de Colaboração Universitária para o Desempenho Acadêmico

Entrevista com a professora Lia Rita de Azeredo Bittencourt, vice-reitora da Unifesp

A professora Lia Rita de Azeredo Bittencourt, vice-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que coordena a iniciativa do Grupo das Universidades Públicas sediadas em São Paulo para gestão de dados e indicadores, o G6, explica como está se configurando o projeto, que visa fortalecer a gestão universitária por meio da cooperação e da qualificação dos dados institucionais de forma compartilhada entre as seis universidades públicas de São Paulo.

Professora Lia, como surgiu a proposta da Rede de Colaboração entre universidades paulistas?

Essa proposta está ganhando forma como uma iniciativa de colaboração entre as universidades públicas sediadas no estado de São Paulo. Contamos com o apoio do Projeto Métricas/Fapesp para reunir essas instituições e para estabelecer objetivos, ações e princípios de colaboração no campo da gestão de dados e indicadores.

A ideia é criar um espaço coletivo para compartilhar práticas, soluções e dificuldades, com base nos conhecimentos adquiridos tanto no curso quanto no Projeto Métricas. A prioridade é aprimorar a gestão de dados e de indicadores das seis universidades envolvidas. Precisamos avaliar se esses são, de fato, os melhores indicadores para trabalharmos e pensar em como apresentá-los de maneira eficaz. Acredito que, caminhando juntas, as seis instituições podem ter mais sucesso com essa iniciativa.

Quais são as ações prioritárias previstas nesta iniciativa?

Queremos, em primeiro lugar, criar um ambiente propício ao compartilhamento de conhecimentos e experiências. Também é prioridade desenvolver sistemas de indicadores e métricas que contribuam para a melhoria da governança universitária e da interação com agências de fomento à ciência e tecnologia.

Outro ponto importante é a promoção da capacitação de profissionais – algo que o Projeto Métricas já vem fazendo. Pretendemos colaborar na realização de ações de conjuntas voltadas à gestão de dados e indicadores, facilitando o acesso das equipes das nossas instituições a iniciativas de aprimoramento, o que é um ganho para fortalecer as instâncias de governança e para aprofundar o diálogo com a sociedade.

Para isso, foi estruturada uma governança para a rede, com a nomeação de um coordenador e um vice-coordenador, funções que serão revezadas entre as seis instituições participantes. Com esse formato, esperamos produzir relatórios sobre as ações realizadas e as transformações no ambiente universitário, sempre com o apoio do Grupo de Pesquisa Métricas. Além disso, queremos compartilhar com a sociedade o quanto podemos evoluir por meio dessa rede de colaboração.

Como a senhora vê a avaliação de impacto nas universidades federais no contexto nacional?

As universidades federais ainda precisam se consolidar mais firmemente na área de dados e medição de impacto. Na minha visão, a prioridade número um é identificar, de forma clara e objetiva, quais são os principais impactos relevantes – tanto acadêmicos quanto não acadêmicos. Entre os não acadêmicos, destaco os sociais, políticos, culturais, econômicos e ambientais.

Esses impactos devem ser monitorados de forma sistemática, considerando as diferentes esferas: interna, local, regional, nacional e internacional. Após essa definição, é essencial organizar a coleta e o registro de dados e resultados obtidos pelas universidades em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Em seguida, devem ser elencados os indicadores que correspondam aos impactos planejados.

Por fim, é igualmente importante comunicar esses impactos à sociedade de maneira otimizada, efetiva e acessível. Essa disseminação precisa ser propositiva, com o objetivo de contribuir para mudanças nas áreas sociais, políticas, culturais e econômicas.

As atividades do G6 serão divulgadas por meio de nossos canais, site, YouTube e boletim. 

conferência
Como usar dados para evidenciar resultados e refletir o impacto social? 

Em um contexto de crescente pressão por resultados mensuráveis, as universidades se veem desafiadas a equilibrar o uso de métricas e indicadores para avaliar seu desempenho. No entanto, como alertou o professor Carlos Henrique de Brito Cruz, ex-reitor da Unicamp e ex-diretor científico da Fapesp, o uso inadequado de dados pode levar a distorções que comprometem o real impacto da academia. Durante sua palestra, foi detalhado como as métricas, quando aplicadas de forma responsável, podem ajudar as instituições a não apenas entender seu desempenho e comunicar resultados à sociedade, mas também a atrair parcerias e recursos essenciais para o avanço científico e o impacto social.

Assista o vídeo completo no nosso canal no YouTube: Uso responsável de métricas e indicadores nas IES – Carlos H. de Brito Cruz

Brito Cruz destacou que os dados podem ser poderosos aliados na tomada de decisões estratégicas, ajudando universidades a se posicionarem globalmente, mas advertiu que o uso excessivo e simplificado de métricas, como o fator de impacto das revistas científicas, pode gerar avaliações imprecisas. Ele criticou o fato de que, muitas vezes, se prioriza a quantidade em detrimento da qualidade, o que pode afetar negativamente o ambiente acadêmico e a produção de conhecimento genuíno.

Uma das principais sugestões de Brito Cruz foi a adoção de métricas mais específicas para o Brasil, como a avaliação da colaboração internacional, da interação entre universidades e empresas, da criação de spin-offs e do número de citações em patentes. Para ele, essas métricas refletem de maneira mais precisa o impacto das universidades, indo além de simples números de publicações ou citações.

Apesar das críticas, o palestrante também trouxe exemplos de boas práticas no uso de métricas, como o projeto Snowball Metrics, iniciado no Reino Unido, que busca estabelecer critérios consensuais para a autoavaliação das universidades. Ferramentas como SciVal e InCites também foram mencionadas como recursos úteis para análise de desempenho acadêmico, permitindo uma avaliação mais integrada e fundamentada.

atividades
Monitoramento e avaliação de impacto nas IES 

O Curso de Monitoramento de Impacto nas IES, oferecido à comunidade de egressos do programa, visa capacitar líderes institucionais no aprimoramento das práticas de avaliação e de monitoramento de impacto. O curso, realizado de 10 a 31 de janeiro, resultou na melhoria de práticas institucionais e no fortalecimento das redes interinstitucionais. Internamente, as instituições participantes avançaram na sua cultura de uso de dados e monitoramento de impacto. Os temas abordados durante o curso foram: 

Curadoria do Conhecimento: As universidades se dedicam continuamente a construir um conhecimento que traça uma linha entre o passado, presente e futuro. A curadoria eficaz do conhecimento auxilia na formação de políticas educacionais adequadas às necessidades sociais contemporâneas.

Foco em Prioridades: Ao limitar o foco a poucas prioridades de monitoramento, os participantes do curso aprendem a importância da clareza e concisão. Isso reflete uma cultura de eficiência comunicativa necessária em ambientes digitais, em que o tempo e a atenção são limitados.

Engajamento da Sociedade: O envolvimento da comunidade é necessário na concepção e avaliação das atividades universitárias. A criação de conselhos híbridos e outros espaços de diálogo direto com a sociedade favorece respostas mais bem alinhadas com as necessidades sociais.

Indicadores centrados nos  beneficiários: É necessário definir indicadores de impacto que considerem a diversidade das atividades universitárias junto à sociedade e, portanto, buscar abordagens para manter um canal sempre aberto com os beneficiários das iniciativas das IES.

Abrangência da Mensuração: Mensurar impactos vai além de avaliar o sucesso acadêmico; inclui aspectos sociais, econômicos e ambientais. As universidades precisam desenvolver uma avaliação mais holística, colhendo e divulgando evidências relativas às suas contribuições para a sociedade.

Análises

Relatório da CESÆR: Reimagining University Rankings

O relatório Reimagining University Rankings: Exploring Strategic Priorities and Alternatives decorre do workshop realizado na KTH Royal Institute of Technology, Estocolmo, Suécia. O texto aborda as comparações publicadas por agências privadas que monitoram o ensino superior, tais como Times Higher Education e Quacquarelli Symonds. O relatório levanta questões e preocupações relacionadas aos rankings universitários, além de oferecer recomendações para universidades no aprimoramento da sua governança. Leia mais

THE World Reputation Ranking 2025

Esta análise avalia o desempenho das universidades estaduais de São Paulo quanto à reputação institucional e propõe recomendações e diretrizes para a comunicação desses resultados.

Ainda

Como escrever um policy brief eficaz?

Um policy brief é um documento conciso que apresenta de forma clara e objetiva uma questão de política pública, incluindo análises, recomendações e evidências que suportem um determinado ponto de vista. Geralmente, tem como objetivo informar e influenciar a tomada de decisões de gestores, legisladores e outros atores envolvidos em processos de elaboração de políticas.

Repositório de Trabalhos

Conheça todos os Planos de Transformação Institucional elaborados pelas turmas do Curso Métricas. 


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Projeto Métricas – Fapesp 2022/14280-4 
Contato: metricas.edu@usp.br