Como surgiram e o que medem as principais classificações de universidades do mundo (164 pgs) de autoria de Sabine Righetti. (164 pgs).
Artigo publicado originalmente no site Estante Jabjor da Unicamp. É possível realizar o download do livro em formato PDF.
Frequentemente, ouvimos no noticiário que a universidade norte-americana Harvard é a melhor do mundo. Ou que a USP é a melhor do Brasil. Mas como se define o que é uma boa universidade? Essa é a pergunta central da pesquisadora do Labjor Sabine Righetti em O jogo dos rankings – Como surgiram e o que medem as principais classificações de universidades do mundo (164 pgs), nova obra da Estante Labjor.
No livro, a autora se debruça criticamente sobre diferentes metodologias de rankings universitários internacionais para destrinchar o que é avaliado nessas classificações – e quais os impactos disso na gestão do ensino superior em todo o mundo.
De acordo com o primeiro ranking universitário do mundo, o ARWU, criado em 2004 na China, uma boa universidade é aquela que tem maior quantidade de prêmios Nobel entre seu corpo docente e que tem pesquisa de alto impacto acadêmico. Já no ranking britânico THE (Times Higher Education), a opinião dos docentes é levada em conta ao classificar as instituições de ensino.
A questão é que a classificação das universidades nesses rankings tem uma série de impactos. Universidades com boas posições em rankings tendem a receber mais inscrições em seus processos seletivos e mais doações de ex-alunos (no caso dos Estados Unidos). Ganhos de casas nas listagens também significam mais parcerias com universidades de excelência e mais recursos para pesquisa. Há governos que decidem políticas públicas com base em rankings universitários – inclusive o Brasil. Em 2011, o governo federal se baseou em rankings universitários internacionais para decidir para quais universidades estrangeiras os alunos do programa Ciência sem Fronteiras deveriam ser enviados.
O livro é uma adaptação atualizada da tese de doutorado da autora, defendida em 2016 no Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT-IGE) da Unicamp, com passagem pela Escola de Educação da Universidade de Michigan (EUA). No ano seguinte, Sabine ampliou o trabalho como pesquisadora visitante na Escola de Educação de Stanford (EUA).
Para ela, a falta de conhecimento sobre rankings universitários pode levar a interpretações perigosas. Em 2016, por exemplo, a USP teve suas contas negadas pelo Tribunal de Contas do Estado sob o argumento de que estava perdendo casas em rankings internacionais. De fato, a USP perdeu cerca de cem posições no THE de 2012 a 2016, mesmo aumentando significativamente sua produção científica no período. “A questão é que outras universidades estrangeiras receberam aportes milionários de recursos e cresceram em ritmo muito mais acelerado”, diz.
“Uma instituição que produz muitos e bons papers (amplamente citados por outros cientistas) são as mesmas em que os alunos têm o melhor ensino na sala de aula? O melhor professor é aquele que mais publica artigos científicos ou aquele cujos alunos formados têm um índice maior de impacto, de liderança e de empregabilidade?”, questiona-se a autora. Para ela, os indicadores que definem o que é uma boa universidade tendem a mudar em pouco tempo. Já existem, por exemplo, rankings que consideram igualdade de gênero no corpo docente como um critério de qualidade. “Eu considero que presença da universidade na mídia deveria ser um critério fundamental para medir o impacto social dessas instituições”, diz.