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Análise QS Subject 2020

O ranking QS Subject mede quatro indicadores com pesos variados. O primeiro é o resultado de uma pesquisa sobre a reputação acadêmica; o segundo é o resultado de uma pesquisa sobre a reputação junto aos empregadores; o terceiro é o número de citações por artigos e o quarto é uma medição de impacto por meio de citações, que utiliza uma variante do índice Hirsch.

O que esse ranking mede?

Baixe a tabela completa com os resultados.

O ranking QS Subject mede quatro indicadores com pesos variados. (veja figura 1 ). O primeiro é o resultado de uma pesquisa sobre a reputação acadêmica; o segundo, o resultado de uma pesquisa sobre a reputação dos empregadores; o terceiro é o número de citações por artigos (taxa de citação); e o quarto é uma variante do índice Hirsch no decorrer de cinco anos, que supostamente mede a produtividade de ambos: a produtividade altamente citada e a média de h artigos com h citações. Isso significa que grupos de pesquisa altamente produtivos são mais bem representados do que na taxa média de citação.

O ranking usa metodologia para categorizar a pesquisa em cinco principais áreas de conhecimento, com 48 subcategorias. Esse esquema é agora uma opção em Scival, o que significa ser possível, até certo ponto, replicar o conjunto de dados usado para produzir este ranking. A categorização do QS difere do sistema praticado pela FAPESP , pois artes e humanidades não incluem geografia (“Ciências Naturais” em QS), ciência política, educação, sociologia (“Ciências Sociais e Administração” no QS) e psicologia (uma “ciência da vida” no QS). Artes e humanidades também abrangem as áreas de linguística, letras e artes. As ciências da saúde, as biológicas e as agrárias são representadas por uma única categoria, a de “ciências da vida”.

Como foi o desempenho das universidades?

Tabela 1 – QS subject 2020 – USP

UniversidadeÁrea de
conhecimento
PosiçãoPontuaçãoReputação por
empregadores
Citação
H-Index
Citações
por artigo
Reputação
Acadêmica
ArtigosAutoresFWCIH-5Citações por
publicação
Colaboração
Internacional
Colaboração
Nacional
Colaboração
Industrial
Clusters
de Assuntos
Méd.
Artigos/Cluster
USPArtes e Humanidades6378.483.143.672.583.6167719060.68161.920.4220.312013.98
USPEngenharia e Tecnologia8677.880.677.174.777.218323158810.97485.736.936.32.650636.21
USPCiências da Vida e Medicina797780.573.370.582.455414471211.241298.435.542.51.979869.44
USPCiências Naturais7678.580.483.175.876.621780160031.11948.548.732.42.754040.33
USPCiências Sociais e Administração6377.780.567.877.578.19355101970.74434.527.4381.126735.04

* Os indicadores de Posição, Pontuação, Reputação junto aos empregadores, Citação , H-Index, Citações por artigo e Reputação Acadêmica são extraídos do QS Subject 2020, os restantes são fornecidos pelo Scival.

A área mais forte da USP em termos absolutos é representada pelas ciências da vida, estas caracterizadas pela publicação pesada em temas concentrados. É a área mais forte da universidade em termos bibliométricos, mas também um campo muito mais competitivo do que os outros por causa de sua alta prioridade global. Os principais pontos fortes da USP são as ciências agrárias, veterinárias, medicina e odontologia, campos caracterizados por grupos de pesquisa de alto impacto (alto desempenho no h-score e alta concentração de artigos em grupos de tópicos específicos).

As artes e humanidades na USP, especialmente arquitetura, história e filosofia, são extremamente respeitadas em todo o mundo, tanto por
empregadores quanto por acadêmicos. Muitas das categorias não são medidas bibliometricamente, e o desempenho bibliométrico aparentemente mais baixo é devido a diferenças entre áreas do conhecimento. A arquitetura, notavelmente, tem uma taxa muito maior e colaboração internacional, clustering de tópicos muito mais intenso e uma taxa de citação mais alta do que a média da área. Em relação a engenharia e tecnologia, a USP representa-se em domínios menores, como mineração e engenharia civil, caracterizados por menor concentração de atividades e ciência da computação, onde pesquisas altamente concentradas em algumas áreas levam a clusters maiores e maior h-score do que em outras áreas. Nas ciências naturais, a USP ocupa uma posição de destaque em ciências ambientais, física e geografia.

Cabe destacar que, embora os dois primeiros sigam a tipologia de uma ciência natural, a geografia obedece a um comportamento de publicação muito mais próximo de uma ciência humana como a história, conforme categorizada pela FAPESP. Finalmente, nas ciências sociais, a USP ocupa um lugar particularmente bom em sociologia, ciência do esporte e estatística.

Tabela 2 – QS subject 2020 – Unicamp

UniversidadeÁrea de
Conhecimento
PosiçãoPontuaçãoReputação por
empregadores
Citação
H-Index
Citações
por artigo
Reputação
Acadêmica
ArtigosAutoresFWCIH-5Citações por
publicação
Colaboração
Internacional
Colaboração
Nacional
Colaboração
Industrial
Clusters
de Assuntos
Méd.
Artigos / Cluster
UnicampArtes e Humanidades13373.173.650.668.677.516775840.5771.118.822.40.11056.25
UnicampCiências Sociais e Administração16870.169.95477.871.9316032300.86304.82640.21.224912.69
UnicampCiências da Vida e Medicina1996869.652.669.676.2153501231801.08647.530.846.91.577119.91
UnicampEngenharia e Tecnologia13174.171.869.878.675.79408690201.04526.833.8384.147919.64
UnicampCiências Naturais13973.970.277.975.872.9962264081.25739.242.635.74.450619.02

* Os indicadores de Posição, Pontuação, Reputação junto aos empregadores, Citação , H-Index, Citações por artigo e Reputação Acadêmica são extraídos do QS Subject 2020, os restantes são fornecidos pelo Scival.

Todas as áreas de pesquisa da Unicamp estão entre as 200 melhores, com uma força especial em engenharia e tecnologia. A área de classificação mais baixa, ciências da vida, possui uma taxa de citação média ponderada mais alta e um índice h maior que sua área de classificação mais alta. Isso reflete o cuidado necessário na interpretação desses rankings, onde as variações de hábitos e a competitividade do ranking não são imediatamente claras.

A Unicamp tem uma distribuição notavelmente uniforme de artigos por cluster, e todos são muito mais baixos que a USP, o que significa que, embora a Unicamp tenha uma taxa de citação e índice h muito mais alta que a USP, ela ocupa um lugar quase 50 vezes mais baixo, em parte por causa de sua menor visibilidade. As áreas de excelente desempenho da Unicamp são arquitetura e história em ciências humanas, ciência da computação, engenharia elétrica, química e mecânica, ciência agrária e ciências biológicas nas ciências da vida, além de odontologia. Nas ciências naturais, química, física e geografia são todos os pontos fortes, enquanto nas ciências sociais, a sociologia e a educação são fortes.

Como observado em outros rankings, as universidades estaduais têm pontos fortes amplamente complementares.

Tabela 3 – QS subject 2020 – UNESP

UniversidadeÁrea de
Conhecimento
PosiçãoPontuaçãoReputação por
empregadores
Citação
H-Index
Citações
por artigo
Reputação
Acadêmica
ArtigosAutoresFWCIH-5Citaçoes por
publicação
Colab.
Intl.
Colab.
Nacional
Colaboração
Industrial
Clusters
de Assuntos
Méd.
Artigos / Cluster
UnespArtes e Humanidades34163.26934.65068.216775490.4860.913.626.80.29605.05
UnespEngenharia e Tecnologia29265.863.86475.964.1659765060.99466.732.744.51.143815.06
UnespCiências da Vida e Medicina32361.26444.461.17120911186660.84545.426.950.7174528.07
UnespCiências Naturais23768.263.778.474.662.2868268321.26721041.438.51.147418.32
UnespCiências Sociais e Administração36962.564.248.877.761.2302437280.74314.925.345.70.123213.03

* Os indicadores de Posição, Pontuação, Reputação junto aos empregadores, Citação , H-Index, Citações por artigo e Reputação Acadêmica são extraídos do QS Subject 2020, os restantes são fornecidos pelo Scival.

Apesar de perfis bibliométricos relativamente homogêneos, a Unesp está empenhada em ganhar tanta visibilidade quanto às outras. Sua área mais forte são as ciências naturais, especificamente em ciências ambientais, química, física e geografia.

A reputação mais forte da Unesp é ligada as ciências da vida, embora também seja bem reconhecida pelas ciências ambientais e geográficas. Um ponto específico a se prestar atenção é o fato que a ciência agrária tem em média 42 artigos por cluster, em comparação com uma média de 28. Essa intensidade extra se traduz em uma posição muito mais alta do que outras ciências da vida. As ciências ambientais, da mesma forma, são a área mais forte da Unesp em ciências naturais, com um tamanho médio de cluster correspondentemente grande.

Quais foram os principais determinantes para o sucesso?

Em geral, na análise de dados bibliométricos, áreas de conhecimento estatisticamente semelhantes aparecem com numerosas variações de posição. O número de artigos em uma área de conhecimento é importante, assim como o índice de citações ponderadas no campo e o nível de coautoria internacional. No entanto, para essa análise, produzimos um novo indicador que parece explicar grande parte do desempenho desse ranking.

O Scival usa uma metodologia de agrupamento para identificar tópicos com base no acoplamento bibliográfico e agrupa esses tópicos em grupos de tópicos maiores. Quando tomamos o tamanho médio do cluster de tópicos como um indicador, notamos duas tendências
distintas; pequenas áreas de conhecimento e pequeno número de artigos publicados têm uma classificação mais alta no QS do que aqueles que tendem para o número médio da área de conhecimento.

Essa regra é completamente revertida para conjuntos de papéis de mais de 1000 – para esses, quanto maior o tamanho médio do cluster, melhores serão as posições da universidade classificada. Isso sugere que, para pequenos departamentos, há um ganho em operar em vários campos de estudo, a fim de aumentar seu perfil e, portanto, sua pontuação de reputação.

Quando já existe um perfil estabelecido na publicação de um certo número de artigos, as universidades se beneficiam do aumento da especialização e concentração, melhorando os indicadores bibliométricos e ganhando reputação.

A USP é muito mais eficaz em fazê-lo do que a Unicamp ou a Unesp, explicando por que os indicadores têm uma classificação muito mais alta.

Como as universidades podem melhorar nos ciclos futuros?

As universidades podem melhorar estreitando os laços com as organizações locais: governos municipais e estaduais, organizações do terceiro setor, organizações não-governamentais, empresas, organizações artísticas e fundações, por exemplo, com as quais compartilham relações estreitas para responder à pesquisa de contratação de egressos.

Atenção especial deve ser dada àquelas com publicação, licenciamento, eventos ou relação de trabalho de pós-graduação com a universidade. Isso garantiria que as pessoas que conhecem intimamente a universidade tenham a chance de expressar sua opinião a respeito.

No momento, apenas 1,7% dos entrevistados são brasileiros, em comparação com 2,6% de empregadores japoneses, 2,6% de empregadores russos, 3,6% de empregadores franceses e 12,2% de empregadores americanos. Aumentar o número de entrevistados aumentaria o número de votos para diferentes universidades brasileiras, em vez de se concentrar em uma ou duas instituições.

Para áreas emergentes, ou áreas de baixa publicação, a publicação em várias áreas parece aumentar a visibilidade da universidade e, portanto, sua pontuação de reputação. Isso equivaleria a uma situação de baixa coordenação e convergência de pesquisa, na qual os pesquisadores trabalham mais ou menos autonomamente um do outro. Isso ajuda as universidades a se tornarem visíveis no ranking, mas geralmente não equivale a uma posição mais alta. Há um ponto de inflexão claro de cerca de 1000 artigos em um conjunto no qual o tamanho médio do cluster se torna um fator-chave na posição de classificação.

Quando essa massa crítica é atingida, uma universidade tem melhor desempenho em todos os indicadores quando é capaz de convergir seus esforços de pesquisa para se especializar em algumas áreas que têm reconhecimento global. O fato de, em muitos casos, a USP ter o dobro do tamanho médio do cluster, significa que ele está distribuído de forma menos espessa entre as disciplinas do que a Unicamp ou a Unesp, apesar de em muitos casos os dados bibliométricos sugerirem desempenho semelhante.