Introdução
O Times Higher Education Young Universities inclui as universidades com 50 anos ou menos, o que significa que no estado de São Paulo as únicas universidades públicas que participam, por se enquadrarem nesse critério, são a Unesp (por mais quatro anos) e a UFABC. O ranking utiliza a mesma metodologia com as mesmas ponderações do Times Higher Global Ranking. Desta forma, esse ranking pretende classificar as universidades por meio de um indicador de citações (impacto da citação normalizado por campo de conhecimento – Scopus CNCI) (30%); um indicador de pesquisa por meio de recursos competitivos de pesquisa recebidos, reputação de pesquisa, número de artigos docente (30%); ensino por meio da reputação, número de alunos equivalentes de tempo integral por docente, número de doutorandos por graduando (30%); internacionalização a partir da proporção de alunos estrangeiros, docentes estrangeiros e artigos em coautoria internacional (7,5%); e renda derivada de fontes não acadêmicas e do setor produtivo (2,5%). Comentários sobre os pontos fortes e limitações da metodologia podem ser encontrados em notas técnicas anteriores, particularmente no ranking global, ranking da América Latina e no ranking de economias emergentes.
Novos instituições entre as primeiras 300
Existem 40 instituições entre as primeiras 300 deste ano, que não estavam nas primeiras 300 na edição de 2021. No entanto, apenas quatro desse total subiram de um grupo inferior. Todas as outras 36 instituições são novas entradas na lista, seja porque não enviaram dados durante a pandemia ou não enviaram antes. Isso sugere que é muito mais fácil perder posições no ranking devido à entrada de novas universidades do que melhorar de posição por esse fator. Dessas novas instituições, oito são indianas, cinco iranianas, três sauditas, três paquistanesas, duas vietnamitas, duas egípcias e duas chinesas. Isso significa que a maior parte desse crescimento está ocorrendo em países que tradicionalmente não estão bem representados nos rankings. Por consequência, essas instituições são muitas vezes de interesse nacional prioritário, que recebem em suas localidades uma parte significativa do orçamento de ensino superior disponível. Essa presença crescente de instituições da Ásia está diminuindo o espaço no ranking para a Unesp e a UFABC.
Recomendações
- Citações parece ser o único indicador que exerce influência significativa no aumento da posição neste ranking. As universidades que desejam aprimorar a posição devem concentrar-se em lançar projetos de pesquisa internacionais ambiciosos com potencial para produzir pesquisas altamente citadas, o que também aumenta a visibilidade da instituição no panorama internacional.
- O ensino parece não exibir um efeito significativo no desempenho no ranking, mas se as universidades desejarem aprimorar seu desempenho, devem procurar acompanhar os egressos que permanecem na academia, o número de acessos e o alcance de recursos de ensino on-line.
Unesp
Ano | Posição | Total | Citações | Receita industrial | Internacionalização | Pesquisa | Ensino |
2022 | 251-300 | 30.9–34.4 | 18.6 | 39.6 | 29.2 | 33.7 | 41.5 |
2021 | 201-250 | 30.9–35.1 | 17.8 | 39.2 | 28.2 | 33.4 | 44.3 |
2020 | 201-250 | 28.6–32.7 | 16.8 | 36.9 | 25.1 | 31.9 | 43.4 |
2019 | 201-250 | 24.9–30.3 | 14.7 | 35.4 | 25.1 | 27.5 | 47 |
2018 | 151-200 | 25.7–32.6 | 12.7 | 33.1 | 22.2 | 29.7 | 42.3 |
A Unesp caiu um grupo em 2022, de 201-250 para 251-300. A própria Unesp havia ocupado a faixa de 151-200, com uma queda de posicionamento em 2018. Em grande parte, esse movimento é explicado pela entrada de novas instituições mais bem posicionadas no ranking, ao invés de muitas instituições melhorando a um ritmo mais rápido do que a Unesp. O único indicador que caiu notavelmente nos últimos cinco anos foi o de ensino. Como o orçamento básico da Universidade é medido neste ranking, algumas melhorias devem ser esperadas na edição do próximo ano. Se a Unesp quisesse melhorar ainda mais nesse indicador, deveria considerar o desenvolvimento de indicadores mais sensíveis para acompanhar os egressos que permanecem na academia e indicadores para mapear o alcance de seu ensino digital, ou “internacionalização a distância” (IaD). Isso se tornou muito proeminente para várias instituições durante a pandemia, permitindo que instituições ambiciosas alcançassem muito mais alunos com seu ensino, tanto no país quanto no exterior.
UFABC
Ano | Posição | Total | Citações | Receita industrial | Internacionalização | Pesquisa | Ensino |
2022 | 351-400 | 25.1–28.1 | 34 | 35.6 | 35.5 | 19.9 | 22.4 |
2021 | 301-350 | 24.0–27.7 | 29.3 | 33.8 | 35.3 | 18.6 | 22.3 |
2020 | 301-350 | 20.6–24.4 | 24.1 | 35.8 | 33.4 | 17.4 | 20.8 |
2019 | 251-300 | 19.7–24.8 | 26.8 | 39.3 | 33.6 | 18.2 | 19.2 |
2018 | 151-200 | 25.7–32.6 | 29.3 | 34.5 | 32.8 | 17.8 | 38.3 |
Assim como a Unesp, a UFABC caiu um grupo este ano, apesar de ter aumentado seu desempenho em todos os indicadores. O único indicador em que não se verificou crescimento ao longo de cinco anos foi no ensino, que teve uma grande queda de desempenho em 2019, e a instituição ainda não recuperou a posição. Essa grande queda provavelmente se deve a uma mudança na forma como os dados foram processados em 2018, em vez de uma queda real no desempenho.
Quais indicadores as universidades devem priorizar se desejarem melhorar seu desempenho?
Primeiro, analisamos as 300 principais instituições de 2021 e 2022 e calculamos os escores de cada indicador para identificar quais apresentaram mais volatilidade. A tabela abaixo mostra que a renda da indústria teve um maior intervalo de mudanças – de 88,70 pontos. O indicador de citações, porém, é de longe o mais variável, com uma mudança média muito maior (1,76), um desvio padrão mais alto e um intervalo interquartil também muito mais alto. Isso significa que mais instituições mudaram suas pontuações significativamente em citações do que em outros indicadores. Já o ensino apresentou a menor variação de todos os indicadores, sugerindo que a forma de melhorar o desempenho neste ranking é por meio do indicador de citações.
Dados descritivos de mudanças no top 300, 2021-2022
Citações | Receita industrial | Internacionalização | Pesquisa | Ensino | |
Intervalo | 65.10 | 88.70 | 21.90 | 41.80 | 24.50 |
Média | 1.76 | 1.46 | 1.38 | 1.65 | 0.43 |
Desvio padrão | 8.47 | 5.91 | 2.35 | 3.76 | 2.43 |
Mediana | 0.45 | 1.40 | 0.90 | 1.20 | 0.60 |
Intervalo interquartil | 8.475 | 1.725 | 2.125 | 2.325 | 1.900 |
Para testar esse achado, identificamos as dez universidades entre as 300 melhores que mais subiram de posição entre 2021 e 2022. A tabela abaixo mostra o número de lugares que a instituição subiu, seguida da diferença de pontuação entre 2021 e 2022.
Biggest risers
País | Instituição | Posição dif. | Citações mudança | Receita industrial mudança | Internacionali-zação mudança | Pesquisa mudança | Ensino mudança |
Norte do Chipre | Eastern Mediterranean University | -122 | 36.90 | 6.30 | 3.30 | 1.70 | 4.90 |
Chipre | University of Nicosia | -96 | 25.70 | 2.30 | 2.40 | 5.30 | -0.30 |
Emirados Árabes Unidos | University of Sharjah | -88 | 28.40 | 0.90 | -0.10 | 4.30 | 0.00 |
Irá | Azarbaijan Shahid Madani University | -84 | 30.80 | -1.60 | 5.90 | -1.50 | -3.50 |
Paquistão | Government College University Faisalabad | -78 | 26.90 | 1.40 | 3.90 | 1.80 | 0.20 |
Taiwã | Asia University, Taiwan | -75 | 23.60 | 0.00 | 9.90 | 0.30 | 2.50 |
Espanha | Universitat Politécnica de Catalunya | -67 | 30.20 | -3.40 | 8.40 | 0.60 | -5.20 |
França | Université Bourgogne Franche-Comté (UBFC) | -49 | 19.40 | 3.80 | -1.00 | 2.70 | -2.00 |
Emirados Árabes Unidos | Zayed University | -47 | 23.10 | 2.10 | -0.10 | 3.50 | 0.50 |
Reino Unido | Nottingham Trent University | -46 | 17.10 | 1.60 | 3.90 | 2.30 | 1.30 |
Todas as instituições apresentaram um aumento nas citações de pelo menos 17 pontos e, para a maioria, quanto maior o avanço nas citações, maior o avanço nas posições. Apesar de valer apenas 7,5% da pontuação total, a internacionalização foi a outra dimensão em que essas universidades aumentaram significativamente. A questão da internacionalização está relacionada às citações, pois os artigos em coautoria internacional tendem a ser mais citados do que os em coautoria nacional. O ensino teve pouco ou nenhum efeito sobre o desempenho dessas instituições em ascensão.
Por fim, analisamos as quatro instituições que foram classificadas fora das 300 melhores em 2021, mas dentro das 300 melhores em 2022. Essas quatro instituições também eram fortemente dependentes de aumentos nas citações, com pouca mudança nos outros indicadores.
Institutions entering the top 300 in 2022
Posição 2022 | País | instituição | Posição 2021 | Posição mudança | Citações mudança | Receita industrial mudança | Interna-cionaliza-ção mudança | Pesquisa mudança | Ensino mudan-ça |
201-250 | Árábia Saudita | Umm Al-Qura University | 301-350 | -100 | 22.8 | -2.3 | 0.2 | 3 | 3.1 |
251-300 | Brasil | University of Fortaleza (UNIFOR) | 301-350 | -50 | 17.2 | 1.1 | 2.8 | 0.8 | 1.9 |
251-300 | Iraque | University of Technology, Iraq | 351-400 | -100 | 22.4 | 1.8 | -3.2 | 1.2 | 1.1 |
251-300 | Egito | Zagazig University | 301-350 | -50 | 18.4 | 1.4 | 1.5 | 1 | 0.7 |