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Universidades Públicas no Estado de São Paulo. Reflexões e Desafios

Neste V Workshop os apresentadores foram desafiados a pensar como integrar o sistema de universidades públicas localizadas em São Paulo e para isto propus uma perspectiva que considero relevante e potencialmente capaz de desencadear propostas de trabalhos conjuntos – o desafio do ensino nesta fase de pandemia.

Teresa Dib Zambon Atvars
Coordenadora Geral da Unicamp
tatvars@unicamp.br


Esta apresentação expressa a opinião da autora e não da instituição. O conteúdo deste texto foi parcialmente apresentado na sessão do V Workshop Métricas.

Mais informações e acesso à apresentação em vídeo na página do V Workshop Métricas


Perguntas formuladas pelos organizadores para a sessão: Iniciativa SP-22: rede das Universidades sediadas no Estado de São Paulo

  1. Como avaliar a visão de futuro, objetivos e ambições no horizonte 2022?
  2. Qual a viabilidade de uma rede de universidades públicas sediadas em São Paulo?
  3. Em que condições e quais seriam as bases de uma iniciativa SP-22?

I. Como avaliar a visão de futuro, objetivos e ambições no horizonte 2022? Alguns Cenários

1. Cenário 1 – A pandemia

Estamos vivenciando nacional e internacionalmente uma pandemia avassaladora, que se instalou sem que nenhum país estivesse preparado para seu enfrentamento. Além do fato em si, já de extrema gravidade, sua duração é inédita, nos coloca num cenário de enormes incertezas. 

Os países do mundo desenvolvido estão sofrendo impactos enormes da pandemia e reagem com competência e resiliência na busca de vacinas, considerando-se esta como a única  medida viável de controle da doença. Países do universo negacionista estão pagando um preço mais alto pelas decisões não tomadas ou pela leniência com que convivem com a pandemia.

Dado o impacto para a saúde pública, o seu subproduto é uma enorme crise econômica, que atinge de modo mais brutal os países e as populações mais vulneráveis. Como consequência da crise econômica, há uma crise social sem precedentes. Nos países, como o Brasil, que já apresentavam problemas econômicos pré-existentes, a pandemia está desestruturando ainda mais a sociedade. Acrescenta-se a estes problemas a crise educacional.

No ano de 2020 a frequência escolar se deteriorou mesmo nas classes sociais menos vulneráveis, com impactos nos processos de ensino-aprendizagem que ainda estão por serem dimensionados. Se em países desenvolvidos este impacto é enorme, naqueles como o Brasil em que grande parte dos jovens em idade escolar já estava fora da escola, um problema estrutural pré-existente longe de solução, o impacto será exacerbado. E se a isto acrescentarmos a leniência dos governos, gerações adicionais serão perdidas por ausência de escolaridade mínima.

Em resumo, se uma “marolinha” da pandemia está atingindo os países desenvolvidos, um tsunami está atingindo os países mais frágeis. Este é o caso do Brasil que não esboçou, até agora, um plano minimamente consistente que abordasse nenhum dos problemas agravados pela pandemia, nem na saúde e nem em todas as suas consequências sociais, econômicas, educacionais e ético/morais.

Isto significa que a crise pré-existente, que era estrutural, se aprofundou, o que não nos permite vislumbrar saídas de curto ou médio prazos. Nossos governantes combinam o negacionismo com as ausências de competência e habilidade para apresentarem ao país um plano minimamente organizado e coerente, que proponha pelo menos parte da solução para os nossos enormes problemas.

Conclusão 1

Grandes problemas pela frente, complexos, multidimensionais e de natureza estrutural agravados pela pandemia e ausência de propostas governamentais. 

1.2. Cenário 2 – Competências instaladas

Recentemente escrevi um texto que denominei Triângulo Equilátero ou o Olhar Obtuso. O triângulo equilátero seria composto por três vértices:

  1. governos visionários e competentes,
  2. um Sistema de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação bem estruturado,
  3. estratégias implantadas para o desenvolvimento sustentável (no sentido amplo da sustentabilidade).

Estes elementos seriam a base para se chegar à justiça social; nem sempre alcançada com eles, mas, sem dúvida, inalcançável sem eles. A visão obtusa seria a das pessoas que atacam este Sistema, achando que os problemas sociais se resolvem apenas com a solução dos problemas econômicos, sem entender que os problemas econômicos decorrem da ausência dos vértices do triângulo equilátero.

Ilustro o meu raciocínio de forma simplista com o que existe no Estado de São Paulo: tem o mais qualificado sistema de Ciência, Tecnologia e Inovação da América Latina e é o Estado mais desenvolvido do país (isto não significa que seja sustentável na ótica da Agenda 2030 das ODSs);

O sistema paulista de Ciência, Tecnologia e Inovação foi construído por visionários que apostaram na criação da Fapesp como uma agência autônoma de financiamento, na criação das universidades públicas estaduais (às quais se agregaram as universidades públicas federais), da UNIVESP, dos Institutos de Pesquisa, Desenvolvimento e Tecnologia, alguns há mais de cem anos; o sistema público de Ensino Médio e Técnico e o sistema público, descentralizado, de Escolas Técnicas vinculados pelo Centro Paula Souza. 

Este sistema está sendo estressado ao máximo nesta pandemia e reagiu, prontamente. O sistema educacional formou gerações de profissionais competentes que atuam nos vários segmentos do mundo do trabalho, público ou privado. Gente qualificada servindo à sociedade.

Além disso, não se pode ignorar a importância da Fapesp, não apenas pela atuação no presente momento. Esta agência, a mais qualificada do país, tem um histórico ímpar de realizações. E para ilustrar, citarei apenas uma: há mais de 20 anos constituiu uma linha de fomento específica relacionada ao mapeamento genético, o Projeto Genoma, que viabilizou o primeiro projeto de completo sequenciamento genético de um organismo fora do eixo Estados Unidos-Europa-Japão, nos idos de 1998. Desta e de outras iniciativas, a Fapesp viabilizou a formação de gerações de profissionais qualificados, o que tornou o sequenciamento genético uma rotina experimental em laboratórios de todos os portes, dentro e fora das universidades. Enfatizo, portanto, que em São Paulo há um Sistema Estruturado de Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia, com financiamento (ainda que parcial) orientado pelo mérito. Mas a Fapesp não financia apenas, ela prospecta áreas relevantes com potencial de futuro e define programas indutores de financiamento que organizam, tematicamente, o Sistema de Pesquisa e Desenvolvimento.

Conclusão 2 

São Paulo tem sistemas bem estruturados e qualificados para reagir às crises. As universidades (principalmente as públicas) localizadas no Estado de São Paulo mostraram-se preparadas para contribuir para as soluções de problemas agudos e podem contribuir para a solução dos problemas estruturais do país. O desafio é: como manter o sistema mais virtuoso da América Latina em um longo cenário de restrições orçamentárias?

1.3. Cenário 3 – A área da Saúde na pandemia

A pandemia está deixando lições que devemos aproveitar. Exemplifico:

  1. o Sistema (e eu insisto na palavra Sistema) de Ciência, Tecnologia e Inovação estabelecido no Estado de São Paulo funciona;
  2. as universidades públicas e os Institutos de Pesquisa e Inovação localizadas no Estado de São Paulo responderam tempestivamente aos desafios colocados pela pandemia; 
  3. As respostas não vieram por meio de instituições isoladas, vieram de modo sistêmico, não necessariamente articulado, porque havia competência instalada.
  4. Naquelas instituições com hospitais, a abertura dos leitos pelo SUS foi a face visível, mas há uma imensa (e não quantificada ainda) troca de experiências relacionadas ao cuidado com o paciente, estudos conjuntos sobre eficácia de medicamentos em estudos clínicos, aprimoramento as formas de prevenção e pesquisas conjuntas, troca de dados, aperfeiçoamento de procedimentos multiprofissionais para o paciente recuperado, etc.
  5. A existência deste Sistema está permitindo a mitigação dos danos à saúde, apesar da articulação ineficaz entre os governos.

Esta experiência de atuação conjunta foi baseada na pré-existência de alguns facilitadores:

  1. Nas comunidades da saúde, as entidades vinculadas às especialidades formam uma rede de relacionamentos que viabilizam compartilhamentos das informações e trocas de experiências. 
  2. A gestão do SUS (também um sistema) viabiliza uma articulação entre múltiplos atores, organizando a logística de alocação de ativos, de insumos e de infraestrutura que mitiga os danos, com monitoramento constante. 
  3. Entre os hospitais universitários há um bom nível de articulação, em parte pelo SUS, em parte pela articulação das secretarias e do ministério da saúde e em parte pela presença das organizações de classe.

Conclusão 3

Constata-se que sistemas articulados prestam serviços mais qualificados à sociedade e respondem tempestivamente aos efeitos das grandes crises. Nada de novo até aqui.

1.4.Cenário 4 – A área da Educação

Na Educação há um sistema hierarquizado, descentralizado, com os níveis de escolaridade sob responsabilidade de diferentes esferas de governos, que atuam de modo pouco articulado, com pouca colaboração ou interação. Esta pouca articulação dificulta as reações e a gestão das crises, não permite avaliar em tempo real os impactos da desestruturação do processo ensino-aprendizagem, e, não tenho dúvidas, vai aprofundar os problemas educacionais pré-existentes à pandemia.

Para mostrar que ações articuladas dão resultados, apresento dois exemplos.

O governo canadense reconheceu nos idos dos anos 2000 a dívida do país para com as comunidades indígenas (2009 Aboriginal Strategic Plan). As universidades canadenses alinharam-se a este reconhecimento e reorganizaram suas atividades acadêmicas e suas estruturas organizacionais para incorporar estas comunidades, com projetos estratégicos de curto, médio e longo prazos. Como resultado, hoje estas universidades têm em seus portfolios uma qualificada produção educacional, científica, tecnológica e cultural, demonstrando o acerto destas ações. As universidades não apenas abriram suas portas a estas comunidades, elas se adaptaram para, efetivamente, integrar estas comunidades às suas atividades acadêmicas.

Um segundo exemplo é o do governo chinês que no início dos anos oitenta estabeleceu como meta colocar a China entre os países líderes mundiais. A Universidade de Beijing, coerentemente com esta estratégia de país, tomou a decisão de ser uma universidade líder entre as mundiais e atuou decisivamente para atingir este objetivo. Ninguém pode ignorar os resultados.

Os resultados de modelos de ações articuladas são evidentes. No Brasil temos exemplos no Brasil; citarei dois. 

As decisões governamentais tomadas no Estado de São Paulo no passado de se criar um sistema de universidades públicas e de uma agência de financiamento à pesquisa, a Fapesp, impermeáveis aos desejos de governantes, foram estratégias e seus resultados são palpáveis.

Dou aqui outro exemplo ao qual retornarei posteriormente. O assunto das cotas étnico-raciais foi amplamente discutido na sociedade na última década. Independentemente dos governos, e as universidades encontram caminhos, propostas viáveis, para implantá-las. O debate foi longo, intenso, conflituoso, mas vencido e cada universidade encontrou sua forma de implantar. Os indicadores relativos à esta forma de inclusão ainda não são tão brilhantes como gostaríamos, mas são melhores do que no passado e serão melhores ainda no futuro.

Portanto, as universidades são capazes de encontrar soluções e de implementá-las, mesmo sem articulação com governos.

Conclusão 4

Se a proposta é importante, as universidades atuam e consolidam estratégias, independentemente de governos. E os enfrentam, se necessário. O sistema educacional está atuando de modo decisivo para mitigar a crise na educação. Os governos continuam incapazes de fornecer diretrizes e  orientações adequadas ao presente momento.

1.5.Cenário 5 – A área da educação universitária

As universidades públicas estão cientes no seu papel como produtoras de conhecimento (no Brasil cumprem efetivamente este papel), mas às vezes relegam ao segundo plano sua missão educativa na graduação. Estão atuando na produção científica, tecnológica e da inovação.

As universidades foram jogadas de forma disruptiva no ensino remoto, sem estarem preparadas sob quaisquer perspectivas, pedagógica, de infraestrutura ou de metodológica.

Estão fazendo o impensável para mitigar o problema do afastamento social com as atividades remotas. Estão trabalhando para manter nossas universidades funcionando muito acima do limite salutar para o bom desenvolvimento institucional. Não há fôlego neste momento para propor estratégias e planos de ação visando o futuro. E tudo se complica mais num cenário de aprofundamento da crise financeira que se abate sobre todo o sistema.

Sob a perspectiva das métricas, a Unicamp ainda não consolidou os dados de retenção e de evasão decorrentes da pandemia. Sabe-se que a maioria das disciplinas foram ministradas remotamente, que algumas poucas atividades presenciais ocorreram ou estão ocorrendo, e que os dados somente estarão disponíveis após o término do segundo semestre letivo de 2020, que se estenderá até o início de 2021. Ainda não se sabe o tamanho do “gap” de conhecimento que os alunos acumularão por decorrência do ensino puramente remoto.

Conclusão 5 – Há conhecimentos não estruturados dos processos pedagógicos que somente estarão disponíveis no futuro. 

Há pouco conhecimento analisado compartilhado entre nossas instituições.

II. Qual a viabilidade de uma rede de universidades públicas sediadas em São Paulo?

A amplitude da crise educacional é tamanha que não há a possibilidade de soluções isoladas em cada uma das instituições ou em cada subsistema. Vou justificar esta afirmação.

Uma pesquisa qualitativa sob o ensino remoto feita na Unicamp mostrou que professores, funcionários e estudantes aprovaram as medidas tomadas pela universidade quanto ao afastamento social e ao ensino remoto. Entretanto apontaram algumas necessidades, que estão sendo buscadas, para qualificar as atividades remotas. Isto nos fortalece enquanto instituição pública, pelo trabalho que está sendo realizado, mas coloca desafios a serem superados. Esta pesquisa compôs a primeira pesquisa – survey – estruturada do Escritório de Dados e foi realizada por meio da parceria Escritório de Dados e o Centro de Pesquisa de Opinião Pública da Unicamp.

Além dos aperfeiçoamentos necessários para esta fase de atividades remotas, devemos pensar problemas de caráter mais profundos e de longo prazo, como por exemplo:

  1. Os alunos ingressantes em 2020 que tiveram apenas atividades acadêmicas remotas. Estes alunos não conhecem fisicamente a universidade e, na melhor das hipóteses, terão atividades presenciais em 2021. Não conviveram com outros estudantes e outros membros da comunidade acadêmica. Como recepcioná-los e integrá-los à universidade presencial?
  2. Sabemos (nossa survey demonstra isto) que os alunos acostumados ao sistema presencial tiveram dificuldades variadas para se adaptarem ao ensino remoto. Mas pouco sabemos sobre como os alunos “remotos” irão adaptar-se as atividades presenciais e ao convívio no campus e seu entorno. Que alunos serão estes, serão aqueles que permaneciam horas em salas de aulas?
  3. Como buscar e recuperar os estudantes ingressantes em 2020 e que se evadiram/desistiram por inúmeras razões? Perder em definitivo estes estudantes significará perder uma geração de profissionais altamente qualificados e formados nas melhores instituições do país. Reincorporá-los implicará em um estorço institucional em um cenário de restrições orçamentárias e de contratações (vigência da Lei Complementar 173 até dezembro de 2021). Como resolver?
  4. Muitos estudantes ingressantes em anos anteriores podem ter-se evadido ou podem ter sido retidos pelas condições impostas pela pandemia (por razões econômicas, sociais, de saúde ou por perdas irreparáveis). Em que condições retornarão às atividades? Estamos preparados para recebê-los? 
  5. Por quanto tempo os efeitos do descompasso ensino-aprendizagem perdurarão?
  6. Como serão os ingressantes de 2021 após o ensino remoto nos níveis anteriores de educação, qual o novo background e como irá se aprofundar a exclusão das populações mais frágeis ao ensino superior público e gratuito das nossas universidades?
  7. Há riscos de que nossas conquistas relacionadas ao processo de inclusão social com os quais estivemos envolvidos nos últimos anos, de modo muito bem sucedido, possam se perder pelo aprofundamento dos problemas de formação e de evasão nos níveis inferiores do sistema educativo. Quais as nossas propostas? 

Conclusão

Não temos respostas a todas estas questões, que são comuns a todas as nossas universidades públicas. Acredito que algumas respostas somente poderão ser encontradas em conjunto, de modo que precisamos estabelecer um fórum de discussão com as questões que nos afligem hoje e que terão imensas consequências no futuro. Em outras palavras, temos o desafio de nos integrarmos enquanto sistema paulista, para fazermos no ensino aquilo que tão bem fazemos na pesquisa colaborativa entre nossas instituições e que tão bem nossos hospitais estão fazendo na área da saúde. Muitas destas respostas vão requerer dados e estruturação do conhecimento, que como constato, estão dispersos.

III. Quais as bases para uma iniciativa de maior integração SP-22?

No caso das universidades estaduais paulistas, o CRUESP é um fórum articulador do processo de discussão das três USP, UNICAMP e Unesp, mas o agravamento do problema educacional exige que sejam incorporados nesta discussão outros atores: as universidades federais sediadas em São Paulo, o sistema do Centro Paula Souza e a UNIVESP. Formamos parte de um mesmo Sistema de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação e, os problemas são os mesmos: retenção, evasão, background dos alunos, sobrecarga de trabalho, dificuldades econômicas e financeiras, falta de quadros. Cada uma das nossas instituições têm responsabilidades, atributos/missões, vínculo institucional próprio, mas, apesar dos problemas serem comuns, as soluções não serão necessariamente as mesmas, mas o conjunto das soluções terá efeito sistêmico e dará conta da complexidade dos problemas.

E aqui volto ao exemplo das cotas como exemplo virtuoso. Um problema complexo, difícil, mas que todas as instituições reconheciam como um assunto relevante e implantaram uma forma própria de contribuir para a solução. Agora tem-se um outro problema com graves consequências para o futuro do país, a exclusão acadêmica-educacional; temos o dever de mitigá-la. 

Não arrisco neste momento, propor criar fóruns formais de discussão como o CRUESP, pois é a primeira vez que pontuamos este problema (e há outros), mas estou convencida sobre a necessidade de se estabelecer um diálogo para se chegar à possíveis soluções, que não  serão únicas, mas que comporão um mosaico virtuoso de contribuições e experiências. 

Voltando ao tema SP-22: rede das Universidades públicas sediadas no Estado de São Paulo: Não tenho propostas elaboradas nem dados estruturados. Mas precisamos começar compartilhando experiências, vivências. Acredito, que estando vivenciando uma crise disruptiva, as soluções não serão convencionais, a criatividade e a experimentação deverão ser pautadas, consensos possíveis de natureza conceitual terão que ser construídos, e cada universidade implantará soluções que, mesmo sendo distintas, caminhem na mesma direção.

O problema e seu escalonamento no tempo vão requerer ações de médio e longo prazos. E para dar concretude sugiro como um desafio a ser estabelecido para 2021-2022: 

  1. localizar todos os nossos alunos ingressantes em 2020 e, possivelmente, em 2021, que evadiram ou que virão a evadir-se em cada uma de nossas universidades;
  2. que cada um deles possam reingressar sem vestibular, na universidade/campus que lhe seja mais conveniente;
  3. convalidar todas as atividades curriculares anteriores, sem grandes restrições;
  4. facilitar para que possam continuar a ter atividades remotas, se necessário. 

É muito provável que sejamos mais sobrecarregados, mas devemos assumir o compromisso de não deixar para trás quem teve o mérito de passar nos nossos processos seletivos. E não nos esqueçamos que a emergência imposta pela natureza está presente e suas consequências são imensas, no curto, médio e longo prazos. 

E concluo: Sim é viável uma rede de universidades atuando em temas comuns, respeitados os pressupostos da autonomia; as condições para iniciativas conjuntas estão dadas por meio de fóruns informais, com compartilhamento de experiências e estruturação de conhecimento. 

Com isto encerro, agradecendo o convite formulado e a atenção de todos.