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Como são feitos bons relatórios institucionais

Os melhores relatórios anuais de universidades são escritos com seu público alvo em mente. Esse público é prioritariamente a parcela da população com prerrogativas de tomar decisões vitais sobre o financiamento das instituições públicas de educação superior

Para o leitor que se depara com o relatório administrativo de 2020 da Hebrew University in Jerusalem, fica evidente que o público ao qual se dirige o presidente da instituição, conhece o funcionamento da universidade, é simpático aos seus objetivos e é interessado no aumento e na visibilidade e do prestígio da instituição. Em outras palavras, o texto é dirigido ao corpo de ex-alunos, decisores cientes do valor que uma universidade provê à sociedade, e investidores buscando oportunidades de alocar recursos em pesquisa de ponta.

O relatório é curto, e não se detém em listar toda a gama de atividades da universidade. Oferece ao leitor os trabalhos em destaque durante o último exercício. Israel é um país de dimensões modestas que historicamente, investe uma parcela significativa de seus recursos em ciência e tecnologia, além de nutrir uma cultura que valoriza a transferência de tecnologia do setor público para a iniciativa privada. Lá, pode se dizer que as vantagens do financiamento público de pesquisa não precisam ser enfatizadas. A Hebrew University é uma universidade líder no país. Dessa forma, esse documento cumpre seu objetivo de mostrar ao mundo os aspectos que a tornam uma instituição diferenciada e respeitada no mundo.

A Universidade de Birmingham por sua vez, em seu último relatório anual, concentra-se em destacar a contribuição e o impacto das suas atividades na economia local e no bem estar dos cidadãos. Seu público alvo é leigo em assuntos acadêmicos, e sobretudo decisores, menos cientes, ou menos interessados nas universidades. É possível capturar grande parte do conjunto de informações desse relatório, sem necessidade de uma leitura detida. Por dirigir-se a um público mais amplo, os tópicos vão além da pequena parcela de atividades de grande relevância científica, tratando de grandes diferenças que a universidade faz na vida prosaica da sociedade, e nos benefícios reais que traz pela sua existência.

Vale ponderar que o Reino Unido, em comparação a Israel é um país maior, mais diverso e onde o sistema de financiamento público de ciencia vem sendo amplamente questionado por parcelas da sociedade. Podemos concluir que essa forma de comunicaçõ pode ser mais apropriada como forma de atingir um público mais amplo, em um ambiente político mais plural e em disputa.